domingo, 24 de agosto de 2014

SOFTWARE EDUCACIONAIS

Narração

Passeio na fazenda


Era uma vez duas amigas: Aninha E Mariana, uma morava na fazenda e a outra na cidade. Um dia, numa manhã linda de sol, Mariana resolveu visitar sua coleguinha. Quando chegou lá, sua amiga ficou muito feliz ao vê-la e Mariana lhe falou:
_Vamos brincar!
Aninha respondeu:
_ De quê?
Mariana completou:
_ De pega pega.
E lá se foram as duas meninas a correr pela a linda paisagem do campo entre árvores, flores, borboletas, vacas, ovelhas... Elas correram, pularam e riram muito, depois de algum tempo, elas resolveram descansar sentadas na grama, em baixo de uma de uma laranjeira cheia de frutos e conversaram sobre como elas eram felizes e como era bom brincar, ter amigos e viver em harmonia em harmonia com a natureza.




GIBIZINHO- ENSINO FUNDAMENTAL II


ESTE PROGRAMA POSSIBILITA A CRIAÇÃO DE HISTÓRIA EM QUADRINHOS, CONTANDO COM PERSONAGENS, CENÁRIOS, OBJETOS, BALÕES, ETC. É UM SOFTWARE LIVRE. COMPÕE-SE DE QUATRO PERSONAGENS: DOIS MENINOS E DUAS MENINAS, APRESENTADOS DE DIVERSAS FORMAS. OS CENÁRIOS APRESENTAM PAISAGENS URBANAS E RURAIS. OS OBJETOS SÃO CONVENIENTES COM OS CENÁRIOS E OS BALÕES SERVEM PARA INDICAR DIVERSAS SITUAÇÕES, O QUE POSSIBILITA A FRUIÇÃO DA CRIATIVIDADE.


Plano de Aula

Objetivos

Promover o contato com o gênero narrativo;
Identificar os elementos da narrativa;
Desenvolver a capacidade de produção de um texto narrativo.

Conteúdo:

Narração.

Procedimentos:

Exposição de textos narrativos, visando a construção do conceito de narração bem como a identificação dos elementos que a constituem;
Leitura de gibis, objetivando mostrar que esse tipo de texto, na sua maioria são narrativos;
Solicitação para que os alunos produzam um texto narrativo por escrito e depois o refaçam em forma de quadrinhos, inserindo na história as personagens e o cenário, num software educacional.

Recursos:

Textos narrativos;
Revista em quadrinhos;
Computador.


Avaliação:

Interpelações orais no decurso da aula;
Observação do nível de compreensão, interesse e participação dos alunos:
Exercício escrito (produção textual);
Exercício usando software educacional (gibi).

Referências:

CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Analia Cochar. Português: linguagens. São Paulo. Atual, 1998. 





quarta-feira, 20 de agosto de 2014

UM PANORAMA DA TRAJETÓRIA DA LITERATURA COMPARADA


UM PANORAMA DA TRAJETÓRIA DA LITERATURA COMPARADA

                FRANCISCA LUCILENE SANTOS DA SILVA

O presente trabalho tratará do percurso histórico da Literatura Comparada, da tentativa de alguns teóricos em delimitar seu campo de estudo bem como alguns conceitos explorados no decorrer da história dessa disciplina.
As origens da Lieratura Comparada se confundem com as da literatura, por isso, muitas são as tentativas ao longo dos anos de defini-la assim como seu objeto de estudo. Dentre os que tentaram fazer isso estão Philaréte Chasles, Paul Van Tieghem,  Hennry H. H. Remak, Wellek,  Durisin, Adriano Marino entre outros.
Philaréte Chasles na sua obra “Litérature étrangére comparée” procurou definir o objeto da literatura comparada através da influência, pois um escritor pode muito bem ser influenciado pela História e cultura de seu povo, ou seja, pela forma de pensar de uma nação. Essa questão da influência veio á tona porque q questão da identidade estava sendo discutida em toda a Europa.
Brunitiére foi um dos precursores na defesa da literatura comparada, defendendo o “cosmopolismo” da literatura, pois no estudo das literaturas não se deve ser considerados apenas aspectos nacionais. A discussão a respeito da literatura comparada se tornou initerrúpta buscando responder: qual o objeto da literatura comparada? A comparação pode ser objeto de uma disciplina? Se literaturas específicas não têm seu cânon, o que seria um cânon comparativo? Como o comparatista seleciona seu objeto de comparação? A literatura comparada constitui uma disciplina? Ou é apenas um simples campo de estudos? (perguntas apresentadas na introdução de Comparative Lierature de Susan Basssnet). A seguir serão expostos os pensamentos de alguns representantes dessa duradoura discussão.
O ponto de partida na tentativa de compreender o objeto de estudo da literatura comparada, foi a obra de Paul Van Tieghem intitulada La littérature comparée, publicada em 1931, onde o conceito de literatura comparada, se explicita como disciplina que se situa entre a história literária de ama nação e a historia geral, portanto e uma disciplina independente com seus próprios métodos. Este comparatista francês separou a literatura comparada da literatura geral, ao passo que a primeira trata  das relações entre as lieraturas nacionais ou internacionais enquanto que a segunda sintetiza oque há de comum entre literaturas.
O comparatista espanhol Cláudio Guillén, retoma esta questão no seu livro “Entre lo Uno y lo Diverso: introdiución a La Literatura comparada” dizendo que, a literatura comparada e a literatura geral não são independentes, o que não quer dizer que não haja diferenças entre elas, estabelecendo uma relação entre o papel exercido pela literatura geral que é cumprido pela teoria literária, o que prova suas relações de dependência.
Outra definição de literatura comparada é de Hennry H. H. Remak, no seu artigo “Comparative Literature, Its Definicion and funcion”, no qual procurou definir literatura comparada:

Literatura comparada é o estudo da literatura, além das fronteiras de país particular, e estudo das relações entre literatura, de um lado, e outras áreas de conhecimento, e da crença, tais como as artes ( ex: pintura, escultura, arquitetura, música), filosofia, história, ciências sociais, religião etc., Em suma, é a comparação de uma literatura com a outra ou outras, e a comparação da literatura com outras esferas da expressão humana( Remak,1971,p1  apud Nitrini)

 Como se pode notar a proposta de Remak é inserir outras ciências e outros campos do saber no campo da lieteratura comparada o que foi de encontro com as escolas amricana e francesa, pois ambas admitiam que a literatura comparada fosse uma disciplina isolada, já que  a escola francesa privilegiava os métodos históricos enquanto que os americanos defendia o paralelismo.
Mais tarde na década de 50 aparecem  novos defensores das idéias ( anti- historicistas), René Entiemble, estuda obras afastadas no tempo, desconsiderando a história no estudo da literatura comparada como principal foco.Nos anos 60 e 70 há uma tendência para a conciliação entre as  entre as escolas( francesa e americana) , na visão de Phois , Rousseau e Haskell Block, apontando para o valor intrínseco da obra literária tanto na América quanto na Europa.  A metodologia da tendência francesa, no pensamento de Paul Van Tieghem, qualquer estudo deve levar em consideração três elementos: o emissor ,o receptor e o transmissor, por isso no trabalho com a literatura comparada não se deve levar em consideração apenas o texto, uma vez que a vida do autor bem como a do receptor e as condições em que o texto foi produzido deve sim serem colocadas  em questão. Há duas maneiras de se estudar a literatura comparada segundo ele: sob o ponto de vista da passagem (texto em si) e sob o ponto de vista do receptor (as condições sociais e psicológicas em que este texto foi produzido), no entanto há para ele outra forma de estudo, as dos intermediários (indivíduos, meios sociais, críticas, tradução e tradutores).
Esses princípios metodológicos do estudioso francês foram criticados por René Wellek, ele não criou nada novo, mas contribuiu ao propor um fundamento para os estudos literários baseado na tríade: história/ teoria/critica literárias. Para Wellek o objeto da literatura comparada se tornou que obsoleto por causa d a enorme gama de paralelismo, de similaridades e identidades que na visão dele não contribuiu em nada para teoria literária. Wellek não descreveu explicitamente uma metodologia da literatura comparada, mas acredita que ela se define pela perspectiva e espírito.
A legitimidade e alcance humano da literatura comparada se fez na voz de Munteano , em “situation  de la littératura comparée. As portée humamaine et  légitmité”, par ale são três s vias responsáveis pela comunicação entre os pólos individual ( emissor) e universal                     ( receptor),  para este estudioso a dificuldade  para a literatura comparada não está em demonstrar sua legitimidade mas em  determinar seus limites, numa linha humanista dos estudos literários Munteano define literatura comparada.

[...] no rastro da eterna dialética, em pleno processo mental e virtual da “comparação”, o acesso próprio aos homens, e não menos a natureza, em geral, vale dizer; em plena concordância militante, em plena luta. De onde já seu alcance humano, que vem se aprofundar ainda mais as constantes estruturais sobre as quais a literatura comparada deve sustentar o edifício movediço da história, e que empurram as raízes profundas na mesma substância humana, das quais retiram suas seivas vitais. (Munteano apud Nitrini).

Percebe-se aqui que a literatura comparada se faz no processo da história e como quem faz a história são os seres humanos ela se revela por meios de processos humanísticos.
No comparatismo de René Etiemble a concepção mecânica de influência foi questionada em “Comparaison n’est pás raison”, na qual admite a legitimidade da comparação mesmo quando não houver influência. Etiemble pensa que a literatura comparada nunca chegará a definir sua identidade, se os estudos históricos  dos franceses não forem considerados como fim supremo, para ele as duas escolas não  são inconciliáveis, propondo uma renovação radical d literatura comparada tradicional, negando o estudo das influências num sentido único, a transgressão e a superioridade de algumas grandes literaturas sobre o resto o resto, sem levar em consideração que toda literatura pode servir de base para outra. Ele nunca negou  o nacionalismo exagerado, a resistência às influências estrangeiras. No seu projeto, cada literatura que recebe influências estrangeiras contribui de alguma forma para a literatura comparada, uma vez que nenhuma literatura é impermeável.
O comparatismo do leste europeu também contribuiu para quebrar a polaridade de aproximação das escolas francesas e americanas. A partir de 1967 os teóricos do leste Europeu começam confrontar com os países ocidentais, concordando com certos pressupostos metodológicos e metódicos, inclusive os histórico-literários. Victor Zhimunsky foi um dos representantes do leste, com sua fundamentação hipotética da literatura comparada, que muito contribuiu para investigação marxista. Ele retoma a teoria levantada por Veseloski, considerado o fundador do comparatismo, se afastando do modelo da influência literária. A mais importante tese de Veseloski  é da “correntes de convergência” essencial para a realização de contatos literários, no qual  ele enfatizou o papel do receptor no processo de aceitação do elemento externo ( o social). O comparatista húngaro Söter, considera a literatura universal como o sistema dos sistemas, que engloba todas as literaturas nacionais, pois toda literatura nacional advém da literatura universal, mas pode acontecer o contrario, sendo assim qualquer estudo literário fracassaria se se encerrar nos limites da literatura nacional.
A crise da literatura comparada nos anos 80 se faz com base na reflexão de Adrian Marino, discípulo de Entiemble, em ”Comparattisme et théorie de la littérature”, no qual ele nega os princípios epistemológicos dos franceses  e critica  os americanos, sua ideia principal é converter a literatura comparada em teoria, baseando-se em três aspectos: a renovação do conceito de literatura universal,  a dissociação  do comparatismo da ideia de comparação e visão global do conceito de literatura(histórica, morfológica e teórica).Marino não consegue resolver a crise da  literatura comparada e não consegue defini-la, deixando espaço para críticas posteriores. No final do século XX se inaugurou uma nova fase da história literária, quando se observou uma preocupação com a identidade cultural nacional, inaugurando uma nova fase da literatura comparada, os países do chamado terceiro mundo começam a questionar o cãnon dos grandes escritores europeus, inaugurando a literatura pós-colonial, onde os fatores históricos, sociais e econômicos foram levados em consideração, isto é houve uma valorização da cultura nacional.
Ana Pizarro foi uma dos representantes dos estudos para a sistematização das direções do comparatismo na América Latina, ela se baseou nas reflexões de Ángel Rama e Antonio Candido (identidade da cultura latino-americana). Pizarro descarta totalmente o modelo comparatista metropolitano, pensando que há um campo metodológico a ser estudado adequado na América Latina e que, portanto a crise do comparatismo no final do século XX não é universal.
Umas das propostas teóricas mais pertinentes dos anos 80 é a de Dionys Durisin “Theory of Literacy Comparatistics”, de acordo com este teórico, o objetivo da literatura comparada é a essência tipológica e genérica do fenômeno literário, se valendo da dialética individual/geral dentro do processo literário, ocorrendo um movimento dialético entre as duas partes,  partes estas que para ele estão estreitamente interligadas, considerando os contatos externos necessários para os estudos Interliterário, gerando assim um processo de intertextualidade nos fenômenos literários (autor, escola, gênero, tendência e literatura nacional).
O precursor da teoria do polissitema foi Even Zohar, na década de 60, baseando-se no formalismo russo dos anos 20, vale lembrar que essa teoria não se limita ao campo da literatura. Na sua obra “Polysistems theory”(1990), ele lembra que dentro do formalismo russo o conceito de literatura sofreu muitas transformações, chegando a ser encarada por alguns como cultura.  Na concepção de Nitrini, o polissistema é um todo multiplamente estratificado em que as relações entre o centro a periferia constitui uma série de oposições. Na teoria polissistêmica não se pensa de um centro e de uma periferia , pois não privilegia uma única linha mas todas onde a literatura recebe influências das periferias e mais só do centro, considerando o dito não-canônico dentro da literatura, já que o centro do polissitema  é o repertório canônico, que concebido através de padrões culturais, cultivados pela elite a dita literatura dos povos mais abastados no ponto de vista econômico e cultural. O texto constitui um fator ativo no polissitema, como se pode observar no seguinte esquema:

Instituição
(contexto)
Repertório
(código)

                                        Produtor              TEXTO                 Consumidor
                                      (escritor)                                                 (receptor, leitor)
Mercado
(contato)
Produto
(mensagem)

O texto nem sempre é o elemento central do polssistema, podendo haver uma relação de interdependência entre estes fatores. Zohar não explicita o objeto de estudo e o método da literatura comparada, mas toma posição diante do comparatismo tradicional, opondo-se a ideia de uma essência da literatura.
Dentre os conceitos que funcionaram como elo entre “Percursos Históricos e teóricos” e “Literatura Comparada no Brasil”, estão a Influência, a imitação e a Originalidade. O conceito de influência apesenta duas concepções diferentes, a de soma de relações de contato de qualquer espécie e a de ordem qualitativa. A influência pode ser confundida com imitação, neste caso a primeira Não se refere a detalhes materiais e a segunda sim, a influência   não se revela de maneira concreta mas deve ser buscada, se apresenta de maneira sutil. A originalidade é assimilação, absorção é semelhante ao antropofagismo do Realismo Brasileiro “O desejo de originalidade é o pai de todos os empréstimos, de todas imitaçãoes”( Valéry,1974 apud Nitrini), portanto o mais é o mais influenciado.
A teoria da intertextualidade apareceu dentro do contexto de renovação dos estudos de literatura comparada, esta teoria concebida por júlia Kristeva trata da presença de um texto dentro do outro , pois:

 “A intertextualidade se insere numa teoria totalizante do texto, englobando suas relações com o sujeito, o inconsciente e a ideologia, numa perspectiva semiótica”(...). “Todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de outro texto. Em lugar de noção de intersubjetividade, instala-se o da intertextualidade e a linguagem poética”. (Kristeva,1969).


Como se pode notar há uma situação de ambivalência implicando a inserção da história e da sociedade no texto e do texto na história, isto é uma relação estrita com o sujeito. Sendo assim a diferença entre influência e intertextualidade é que a primeira está relacionada com o individual e a segunda com o coletivo ( social), não tendo “nada haver o intertexto com o velho conceito de influência”. Em suma o conceito de intertextualidade derruba o conceito de influência, por se apresentar como um sistema de trocas.
Como foi visto, muitas foram as tentativas de se definir o objeto de estudo da literatura comparada, muitas tentativas foram questionadas ou superadas, percebendo-se que não há uma única teoria literária comparatista, sendo que atualmente a teoria da intertextualidade é a mais aceita no que tange à literatura comparada.









NITRINE, Sandra. Literatura Comparada. São Paulo: Edusp,1997.


segunda-feira, 28 de julho de 2014

A MÚSICA E O TEATRO COMO MOTIVADORES DA LINGUAGEM EXPRESSIVA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO- UEMA
CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS-CESC









PROJETO PEDAGÓGICO

A MÚSICA E O TEATRO COMO MOTIVADORES DA LINGUAGEM EXPRESSIVA

















CAXIAS-MA
2009
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO- UEMA
CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS-CESC








PROJETO PEDAGÓGICO

A MÚSICA E O TEATRO COMO MOTIVADORES DA LINGUAGEM EXPRESSIVA
Francisca Lucilene Santos da Silva
Nara Conceição Silva oliveira
















CAXIAS-MA
2009
1.    TÍTULO DO PROJETO

A Música e o teatro como motivadores da linguagem expressiva

2.    PÚBLICO ALVO

Alunos do 7º ano do Ensino Fundamental do turno matutino do C.E “Santos Dumont”

3.    DINAMIZADORES

Acadêmicas ueminianas da disciplina Estágio Supervisionado do 3º Ciclo do Ensino Fundamental.

4.    OBJETIVOS

·         Desenvolver a capacidade de comunicação nos alunos através das linguagens verbal e não- verbal contidas na música e no teatro, uma vez que a linguagem artística educa o corpo, suscita a emoção, desenvolve o intelecto e o senso estético;
·         Promover o contato dos alunos com os gêneros teatral e musical no ambiente escolar, visando ampliar seus conhecimentos a respeito desses textos;
·         Ampliar as habilidades de leitura, melhorando suas competências comunicativas através da interação grupal;
·         Demonstrar a importância dos gêneros teatral e musical como recreação, mas também como contribuidores do desenvolvimento intelectual, linguístico e humanístico dos educandos.

5.    JUSTIFICATIVA

A linguagem artística pode ser compreendida como fator importante para o desenvolvimento cognitivo dos educandos, uma vez que esta contribui para a imaginação, fazendo com que se viaje sem sair do lugar, além de desenvolver a expressão corporal, extravasar as emoções e valorizar o estético no que diz respeito a autoestima . Sendo assim, pretende-se dentre as manifestações artística o teatro e a música, não só por estes apresentarem a perspectiva de uma melhor aceitação por parte dos alunos, mas por contribuírem para o aprimoramento das linguagens oral e corporal além de proporcionar os discentes conhecerem vários textos desses gêneros, além de trabalhar a voz, o corpo e a mente. É importante salientar que não se tem a pretensão de formar atores ou cantores, mas sim trabalhar a linguagem e suas possibilidades expressivas e, ainda auxiliar no desenvolvimento do senso crítico.
O teatro tem a capacidade de fazer com que as pessoas experimentem ouras realidade, que sejam outros indivíduos, vivenciando novos sentimentos, como: amor, ódio, rejeição, medo, ciúme, alegria, tristeza etc., que não são seus. O teatro tem relação com o real, pois é a perfeita recriação da realidade em todos seus aspectos, seja no âmbito social, econômico ou cultural. A arte teatral é uma espécie de espelho no qual os seres humanos olham a si próprios como afirma Peixoto (2003, p.12): “incapaz de agir diretamente no processo de transformação social,         (o teatro) age diretamente sobre os homens, que são os verdadeiros agentes da contribuição social”.
Partindo do pressuposto de que o papel da escola é o de educar para avida, busca-se, com isso, melhorar a convivência em sociedade dos educandos bem como aprimorar os aspectos emocionais dos mesmos.
Assim como o teatro, a música faz utilização da voz humana para expressar sentimentos, por isso torna-se evidente a relação entre a música e a linguagem, haja vista que estas se misturam no ato de cantar. A música vocal não pode existir sem a linguagem, a música pode ser concebida como combinações de palavras e sonoridade e as pessoas desse modo registram os seus sentimentos por meio de palavras e melodia. A música não é objetiva como as palavras e, sim sugestiva acentuando estado de alma, como comenta (Andrade, 1972, p.41) “poder sugestivo da música é formidável”.
A música juntamente com o teatro possui um papel social, pois através deles se pode conhecer a história de um povo, sua cultura e seus anseios e desse modo retratam o modo de vida das pessoas, suas crenças e seus valores. Os gêneros teatral e musical assim com a literatura tem o poder de transformação, além de contribuírem para humanização e socialização dos indivíduos. No que diz respeito à música, o coral, faz com que os educandos interajam, ajudando uns aos outros a superarem desafios, pois o coro generaliza a responsabilidade e os sentimentos, contribuindo para o trabalho em conjunto. A realização de ações envolvendo o teatro e a música está vinculada à linguagem, tendo em mente trabalhar as formas de linguagem verbal e não verbal, mostrando que as artes podem muito contribuir para o processo ensino-aprendizagem no que tange aos objetivos da disciplina  Língua Portugesa.

6- METODOLOGIA

·         Seleção de textos que serão trabalhados com os discentes, levando em consideração o nível de aceitação por parte deles e que possuam linguagem de acordo com a faixa etária destes;
·         Discussão dialógica acerca dos textos selecionados e atividades de análise e interpretação desses textos;
·         Sensibilização dos alunos a respeito do teatro e da música, através de aulas expositivas, de maneira demonstrar a importância desses gêneros para a formação cultural dos alunos;
·         Realização de ensaios de peça teatral e do coral, sendo que a apresentação musical será em forma de capela;
·         Organização do espaço para as apresentações artísticas.

7.    CULMINÂNCIA

Realização das apresentações no dia 16/05/09, no C. E “ Santos Dumont” , no turno matutino, onde serão apresentados os resultados do projeto proposto de acordo com a metodologia apresentada acima

8.    AVALIAÇÃO

O processo avaliativo será efetivado ao longo de toda dinamização do projeto, observando o nível de participação e interesse dos alunos na execução das atividades, ou seja, durante a aula expositiva, os ensaios e a apresentação.

9.    REFEREÊNCIAS

ANDRADE, Mário de. Ensaio de música brasileira. 3 ed. São Paulo: Martins, INL, 1972.
MOISÉS, Massuad. A criação literária. Prosa literária. Pros II. 16 ed. São Paulo: Cultrix, 1988.
PEIXOTO, Fernando. O que é teatro. São Paulo: Brasiliense, 2003.



  • NOTA: Nesta atividade foram  desenvolvidas as seguintes atividades: apresentação da música " Era um vez" de Sandy e Júnior com participação de Toquinho alé da  apresentação de duas peças de teatro a " Queixa dos clientes " feita pelos alunos e "A coisificação do professor" de Elizeu Arruda.





























quarta-feira, 23 de julho de 2014

OU ISTO OU AQUILO: CARÁTER PEDAGÓGICO OU EMANCIPATÓRIO?

OU ISTO OU AQUILO: CARÁTER PEDAGÓGICO OU EMANCIPATÓRIO?

Francisca Lucilene Santos da Silva*

*Licenciada em Língua Portuguesa e Literatura e pós-graduada em Literatura e Ensino pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).

 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O caráter pedagógico refere-se ao uso de texto literário para fins didáticos e o emancipatório ao aproveitamento da essencialidade do texto. Este artigo visa identificar qual desses aspectos predomina nos poemas do livro “Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles. Para tanto, fundamentar-se-á em autores que tratam da poesia infanto-juvenil.
O livro “Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles constitui-se de poemas com temáticas variadas e que possibilitam trabalhos diversos com a poesia. O presente trabalho apresenta uma análise do referido livro, visando identificar em seus poemas o caráter pedagógico ou emancipatório, apoiando-se em estudos de autores como: Lígia Morrone, Nelly novais Coelho e Lígia Cademartore Magalhães, além de Cecília Meireles autora do livro a ser analisado. O artigo será estruturado da seguinte forma: contextualização da obra, fundamentação teórica, análise e considerações finais.

 CECÍLIA MEIRELES E SUA OBRA

Cecília Benevides de Carvalho Meireles poeta brasileira, professora e jornalista brasileira, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em sete de Novembro de 1901. Teve uma infância solitária, pois perdeu os pais muito cedo. Educada pela avó materna, cursou a escola normal e muito cedo se tornou professora. Em 1922, casou-se com o artista plástico português Fernando Correia Dias, com quem teve três filhas, sempre conciliando vida profissional e familiar, ficou viúva em 1935 e voltou a casar-se em 1940, com o professor Heitor Grillo. Fundou em 1934 a primeira biblioteca infantil do país e de 1936 a1938, lecionou literatura brasileira, Universidade do Distrito Federal.
Literariamente, estreou em 1919, com o pequeno volume de poemas Espectros, de inspiração parnasiana, tal obra seria seguida por duas coletâneas de tendência simbolista, Nunca Mais e Poemas dos Poemas(1922) e Baladas para el-rei (1925). Seu primeiro livro importante só apareceria em 1938: Viagem, premiado em concurso da ABL, com o qual se firma como poetisa “moderna”, sem, todavia filiar-se às correntes literárias em vigor desde 1922. Os volumes que lhe sucederam confirmariam a importância de sua contribuição à poesia de língua portuguesa. Em 1964, aparece “Ou isto ou aquilo”, que sobre o qual afiram coelho:

Primeiro livro de poemas infantis publicado pela autora, este fez parte da coleção Giroflê- Girafa, criada pelaa meteórica Editora Giroflê em são Paulo. Ilustrado pela arte de Maria Banoni, Ou isto ou aquilo resultou numa pequena obra-prima de poesia, sensibilidade estética, ludismo figurativo e profundo humanismo (1997,p.215).


Cecília Meireles é considerada pela crítica como a mais alta expressão da poesia feminina brasileira e situa-se inegavelmente entre os mais altos valores da literatura de língua portuguesa do século XX, como acentua Coelho:

Como grande poetisa que era, Cecília Meireles conseguiu o que raros conseguem: manter a pureza do olhar-criança e a capacidade sempre renovada  de se encantar com as coisas simples do mundo. Daí a graça e o fascínio imediato de seus poemas infantis, que atraem igualmente a gente miúda e aos adultos (1997, p.32).


E Magalhães:

A poesia infantil brasileira vive á sombra de um grande nome, Cecília Meireles, cuja produção, vencendo todas as ciladas do gênero, marcou de tal forma a nossa poesia para crianças que vestígios de sua obra podem ser encontrados em composições de outros autores (1987, p.32).

Afirmações como essas, mostram a dimensão da produção poética de Cecilia Meireles levando em consideração o que:

Profundamente sensível aos mil e um acontecimentos da vida e aos valores da linguagem poética que tocam a criança, Cecília Meireles explora-os com mão de mestre. Todos os mini poemas que integram o volume Ou isto ou aquilo são preciosas invenções de poesia e alegria de viver (1997, p. 217).




OU ISTO OU AQUILO: POEMAS QUE CANTAM, ENCANTAM E EMANCIPAM.


    No livro Era uma vez... na escola (coordenação de  Vera Teixeira de Aguiar) é proposta uma classificação das narrativas envolvendo quatro critérios: a estrutura apresentada, a temática desenvolvida, os tipos de personagens  e o efeito produzido no leitor. Contudo levar-se-á em consideração o fato que a obras infantis perpassa por todos esses critérios além da noção de que as estas se incluem numa categorização bem mais ampla: ou são pedagógicas ou são emancipatórias, além de implicá-las em poesias (ao em vez de prosa).
São pedagógicas as obras infantis cujo objetivo maior é ensinar algo ou mobilizar a criança para um determinado comportamento, já as emancipatórias alimentam a criatividade, a curiosidade e a fantasia do leitor, propondo-lhe diferentes perspectivas sobre a realidade e o mundo que o circunda.
A poesia é algo que cativa as pessoas em todas as idades, em especial na infância e por em geral ser um texto curto, torna-se de fácil acesso. O contato da criança com a poesia infantil pode determinar a formação de um leitor eficaz no futuro, por isso é importante que essa poesia seja trabalhada de forma a despertar nas  crianças o gosto pela leitura, relacionando o ato lúdico com a iniciação literária, pois ao mesmo tempo que a criança.
A poesia infantil brasileira surge no final do XIX e no início do século XX, ganha mais espaço. Contudo, atualmente percebe-se que não só a poesia mas a literatura  infantil brasileira como um todo, ainda passa por um processo de conquista, de valorização pois ainda muitas crianças não gostam de lerem ou não têm a oportunidade de estarem em contato com os livros. A relação com a poesia é algo é algo subjetivo e pessoal, que não deve ser imposto à criança, sendo que só será gratificante se o interesse partir da criança, claro que para isso acontecer é preciso que haja o incentivo, ou seja a mediação feita pelo adulto, proporcionando entusiasmo e alegria através do contato com o lúdico.
No passado, porém, os objetivos eram outros, a poesia estava comprometida com a tarefa educativa da escola, visando formar indivíduos de bons sentimentos e o cidadão do futuro, papel que hoje é inaceitável pela riqueza de qualidade da poesia infantil brasileira, que podem ser vista em obras de José Paulo Paes, Marina Colassanti só citar exemplos e da Própria Cecília Meireles.
Nelly Novaes Coelho faz uma importante colocação sobre o que deve ser a essência da poesia:

Poema exige muito mais do que rimas e ritmos. O poema deve nascer de um olhar inaugural. Deve descobrir nas coisas já vistas, ou sabidas um aspecto ou tonalidade novos (1997, p.228).



Diga-se assim que a poesia é brincadeira em que se ensina. E tem jeito mais gostoso de aprender do que brincando?... A poesia deve apresentar o conhecido, o comum, imprimindo-lhe um aspecto novo, despertando no leitor a capacidade de pensar, ouvir, falar e escrever.
A poesia não é tratada ainda nas escolas com seu devido merecimento, pois, muitos educadores acham que ler poesia para seus alunos é desperdício de tempo. Isto acontece talvez porque muitos docentes desconheçam o verdadeiro papel da poesia, visto que o texto poético não foi feito com o objetivo de fonética, morfologia ou sintaxe, mas para aguçar os sentimentos mais íntimos dos educandos, sua sensibilidade como se humano e quando isso acontece, a essência da poesia está sendo posta em prática. O poema não pode ser visto como um texto qualquer , tem-se que se levar em conta  a musicalidade, as metáforas e tantas outras figuras de linguagens, bem como seu poder de aflorar as emoções de quem o lê. As palavras que formam o texto poético são iguais às todas as que formam os outros textos quanto ao aspecto gráfico, mas, há uma magia nelas que só os amantes da poesia a pode compreender sendo que a poesia possibilita ao leitor criar e inovar recriando-a.
O texto poético termina não tendo muito destaque nas aulas de Língua Portuguesa, por ser considerada por muitos como sendo inferior por não (supostamente) fazer parte das áreas “sérias” do conhecimento, tais como gramática, Matemática, Física, Química, Biologia entre outras. Sendo assim, seu valor humanitário, que é muito proveitoso para o sujeito sentir-se mais “gente”, é esquecido. Além do mais, a poesia é uma forma de lazer muito agradável e afável à alma humana, assim como todas as artes.
As pessoas estão muito preocupadas em ganhar dinheiro e acham erroneamente que a poesia não dá lucros. Pode ser que a lucratividade não seja diretamente relacionada ao dinheiro, mas na contribuição para um ser melhor, sensível, aberto ao diálogo e mais compreensível. A poesia contribui e muito para o crescimento humano dos homens e mulheres , pois neste contexto a poesia é um lago de água fresca, uma música suave aos ouvidos, um perfume suave  ao olfato é como fruta madura que sacia o paladar, sendo que o texto literário possui um caráter libertador no que tange as amarras interiores que cada ser humano possui, além de liberar a fantasia, enriquecendo o leitor por inteiro, aguçando todos os sentidos, mas para que isso aconteça, tem que se haver  uma receptividade por parte do leitor, é preciso gostar de poesia, amá-la, visto que esta mexe com os afetos, as emoções e com a alma.
Não se pode ensinar poesia sem antes haver uma sensibilização: é assim em todos os ramos do conhecimento, essa aproximação é que, provavelmente, despertará no sujeito o gosto pelo texto poético, através da descoberta de cada um. A poesia é feita para todos, pois há milhares delas e, cada uma tratando de um assunto, se não houver identificação com este ou aquele poeta ou poetisa, haverá com certeza, muitas outra opções.
O fato de ser poesia infantil não significa dizer que só as crianças as leiam, muitos adultos podem se identificar com esse tipo de poesia, como afirma Henriqueta Lisboa apud Aguiar(1982): “ fala-se em poesia infantil. Porém não há uma poesia com destinatário”. Como pode se notado, tudo depende de como e por quem esse poema é lido. O mundo da poesia é mágico onde tudo pode acontecer, justamente pela pluralidade de significados que uma poesia pode oferecer. Como por exemplo, o poema O menino Azul, que segue:


O Menino Azul
O menino quer um burrinho

para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.

O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios, 
das montanhas, das flores,
- de tudo o que aparecer.

O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos 
e com barquinhos no mar.

E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim 
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.

(Quem souber de um burrinho desses, 
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)



Percebe-se nesses versos muitos significados e consequentemente vários ângulos de interpretação, dependendo de quem o lê, seja criança ou adulto, pois o que vai garantir essa multiplicidade de interpretação são os aspectos socioculturais de cada leitor. Que criança não viaja nesse poema, mesmo sabendo que burro falante não existe e, portanto não pode inventar histórias, mas isso é que é interessante para a criança uma vez que possibilita viajar na emoção e poder imaginar coisas impossíveis no mundo real através da poesia, sendo que é necessário sair um pouco da realidade e entrar no mundo dos sonhos para se sentir relaxado e feliz e este é um dos vários papéis da poesia.
Ser poeta é ser fabricante de sonhos, amenizador da dura realidade, construtor de esperanças, é ser como um perfumista que mistura essências para agradar o olfato; no caso do poeta, as essências são as palavras, muito bem trabalhadas para massagear nosso espírito. A poesia é como as flores, sensível, delicada, bela e enfeita a vida deixando tudo mais leve e bonito.
O livro Ou isto ou aquilo, é composto por 57 poemas, nos quais são frequentes as temáticas da infância: brincadeiras, sonhos e fantasias, elementos da natureza também estão presentes nos poemas, como: jardim, rio, lua, chão, água, mata, chuva e monte. Essa junção de elementos da natureza com a temática infantil constrói uma atmosfera de paz, cordialidade e harmonia, criando uma sintonia que agrada crianças e adultos. Os poemas de Ou isto ou aquilo suscitam nas mentes leitoras lembranças da infância, momentos agradáveis como: jogos de bola, as brincadeiras com bolhas de sabão, momentos com a avó, os banhos de chuva que fazem que emoções sejam despertadas. Mas por que Cecília escolheu trabalhar dessa forma com os poemas? Pelo desafio, por entender mostrar sua autenticidade? A gramática? São esses os questionamentos a que se busca esclarecer com presente trabalho
Um recurso muito utilizado pela autora nesse livro, e claramente perceptível, é a repetição de sílabas, cada poema é construído com base em uma ou mais sílabas que criam uma musicalidade excepcional, em uma correspondência essencial entre matéria sonora e matéria semântica da qual é exemplo de abertura do livro Colar de Carolina entre vários outros:

Colar de Carolina

Com seu colar de coral,
  Carolina
  corre por entre as colunas
  da colina.

  O colar de Carolina
  colore o colo de cal,
  torna corada a menina.

  E o sol, vendo aquela cor
  do colar de Carolina,
  põe coroas de coral
  nas colunas da colina.

No poema nota-se a forte presença da consoante “ L” nas sílabas la, le , li, lo ,lu, al e ol, além de construções envolvendo as consoantes C, R, L,N: Carolina, colar, coral, sendo que as duas últimas palavras formadas pelas mesmas letras. O poema é composto de 11 versos e 6 deles encontra—se a rima ina entre as palavras Carolina e menina que de colar coral brinca ao ar livre.

Jogo de bola

A bela bola
rola:
a bela bola do Raul.

Bola amarela,
a da Arabela.

A do Raul,
azul.

Rola a amarela
e pula a azul.

A bola é mole,
é mole e rola.

A bola é bela,
é bela e pula.

É bela, rola e pula,
é mole, amarela, azul.

A de Raul é de Arabela,
e a de Arabela é de Raul.


Ao primeiro olhar sobre esse poema, parece que se tem a intenção de ensinar sílabas (ba, be, bi, bo ,bu) mas quando vislumbrado mais a fundo, percebe-se um jogo, uma musicalidade  entre as palavras( bela x bola, amarela x Arabela, Raul x azul), criando um clima de pura poesia. Toda essa brincadeira com as palavras mostra um jogo de bola entre uma criança do sexo masculino (Raul) e uma criança do sexo feminino (Arabela), desconstruindo a ideia de que jogo de bola é brincadeira de menino, mas que as meninas podem e devem brincar de bola, quebrando assim um preconceito de gênero em que o jogo de bola muitas vezes é taxado como brincadeira de meninos.

Bolhas

 Olha a bolha d’água
no galho!
Olha o orvalho!
Olha a bolha de vinho
na rolha!
Olha a bolha!

 Olha a bolha na mão
Que trabalha! 

Olha a bolha de sabão
na ponta da palha:
brilha, espelha
e se espalha.
Olha a bolha!

 Olha a bolha
que molha
a mão do menino: 

A bolha da chuva da calha!


Superficialmente, pode-se supor que esse poema foi criado para fins pedagógicos, ou seja, ensinar o dígrafo lh, porém analisando mais a fundo, vê-se um poema altamente lúdico e cheio de curiosidades, assim como é o mundo das crianças, que faz alusão ás descobertas e às brincadeiras de quando as formas de brincar não eram tão virtuais como hoje. No primeiro verso trata-se da magia da descoberta que uma criança faz sobre a bolha no galho (gota d’água) que é o orvalho e da ludicidade no quarto verso, onde a criança nem precisa de um instrumento apropriado par fazer bolhas de sabão, mas somente precisa de uma palha (elemento da natureza) para realização das bolhas feitas de sabão, bolhas estas que refletem a luz do sol e que depois voam para o alto, numa brincadeira simples e pura. Este poema também retrata a infância, a simplicidade prazer de brincar, indo além, quando se utiliza (terceiro verso) o termo bolha para simbolizar as mãos calejadas de quem trabalha pesado e que talvez não tenha tido a oportunidade de brincar.


O chão e o pão

O chão.
O grão.
O grão no chão.

O pão.
O pão e a mão.
A mão no pão.

O pão na mão.
O pão no chão?
Não.

Num primeiro olhar parece que o poema foi criado pra trabalhar o ditongo ao, observando nas entrelinhas, esta poesia, vai muito, além disso, na primeira estrofe celebra-se a germinação de uma semente pela terra, como o grão de trigo é semeado pelas mãos do homem, indo se transformar numa nova planta, gerando vários outros grãos, na segunda estrofe há uma sugestão da transformação do grão em farinha e que depois pelas mãos do padeiro esta se transforma em pão, para depois ser consumido, além de fazer referência ao hábito de higiene que se deve ter em relação à comida (terceira estrofe). Este poema faz um reflexão sobre o processo de como o alimento chega a nossa mesa, passando pelo produtor até o consumidor final de uma maneira lúdica e inteligente.


A chácara do Chico Bolacha

Na chácara do Chico Bolacha,
            o que se procura
            nunca se acha!

           Quando chove muito,
           o Chico brinca de barco,
           porque a chácara vira charco.

Quando não chove nada,
             Chico trabalha com a enxada
             e logo se machuca
             e fica de mão inchada.

Por isso, com o Chico Bolacha
            o que se procura
            nunca se acha!

Dizem que a chácara do Chico
            só tem mesmo chuchu
            e um cachorro coxo
           que se chama Caxambu.
Outras coisas ninguém procura,
             porque não acha,
            coitado do Chico Bolacha!

Assim como os outros poemas, este parece ter sido feito para ensinar o dígrafo lh, no entanto analisando  mais atentamente a poesia percebe-se que há uma brincadeira com o som /x/, para falar sobre a vida de uma pessoa  que mora em uma chácara que não produz nada, por causa da terra, levando a crê que seu dono não possui recursos financeiros para fazer com esta terra produza, vivendo assim na precariedade, como muitos outros brasileiros que vivem no campo, mas apesar disso Chico acha alegria para brincar de barco quando chove muito,  tudo em uma brincadeira com som /x/ , fazendo com que a criança descubra a língua por meio do lírico lúdico e do semântico, com afirma Magalhães:

Composições com A chácara do Chico Bolacha se prestam para a iniciação da criança ao mundo literário; seja ela lida e ouvida, oferece a oportunidade de brincar com a língua e descobrir suas possibilidades. (1987, p.34).








CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os poemas analisados, falam de maneira simples da vida cotidiana, da mágica que é aa infância sempre jogando com as palavras de maneira tão perfeita, uma musicalidade inquestionável, falando da vida real de uma maneira tão leve que nem se percebe que é da realidade que se está falando, tudo de maneira popular, lírica, lúdica, pessoal e harmoniosa além de uma grande perfeição formal.
Sendo assim pode-se afirmar que os poemas de Ou isto ou aquilo possuem caráter emancipatório, visto que através de uma musicalidade e um excelente jogo de palavras e sílabas, falam de brincadeiras de infância, contrapondo com dificuldades do dia a dia de forma sutil, se adequando ao público infantil imprimido uma marca única vencendo o desafio de recriar sentimentos, sensações, a natureza e a maneira de pensar das pessoas através de um belo trabalho com a linguagem.


REFERÊNCIAS

AGUIAR, Vera Teixeira de. (coord.). Era uma vez... na escola – Formando educadores para formar leitores. Editora Formato.

AGUIAR, Vera Teixeira de; ZILBERMAN, Regina (org). Leitura em crise na escola: as alternativas do professor. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982.

CADORE, Luís Agostinho. Curso prático de português: Literatura/ gramática/ redação. 2 ed. Editora Ática: São Paulo, 1999.

COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: Teoria- Análise- Didática. 6 ed. Série Fundamentos. São Paulo: editora Ática, 1997.

MEIRELES, Cecília. Ou isto ou aquilo. 7ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

ZILBERMAN, Regina; MAGALHÃES, Lígia Cademartori. Literatura infantil: Autoritarismo e Emancipação. 3 ed. São Paulo: Editora Áica, 1987.