OU
ISTO OU AQUILO: CARÁTER PEDAGÓGICO OU EMANCIPATÓRIO?
Francisca Lucilene Santos da Silva*
*Licenciada em Língua Portuguesa e Literatura e pós-graduada em Literatura e Ensino pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O caráter pedagógico
refere-se ao uso de texto literário para fins didáticos e o emancipatório ao
aproveitamento da essencialidade do texto. Este artigo visa identificar qual
desses aspectos predomina nos poemas do livro “Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles.
Para tanto, fundamentar-se-á em autores que tratam da poesia infanto-juvenil.
O
livro “Ou
isto ou aquilo”, de Cecília Meireles constitui-se de poemas com temáticas
variadas e que possibilitam trabalhos diversos com a poesia. O presente
trabalho apresenta uma análise do referido livro, visando identificar em seus
poemas o caráter pedagógico ou emancipatório, apoiando-se em estudos de autores
como: Lígia Morrone, Nelly novais Coelho e Lígia Cademartore Magalhães, além de
Cecília Meireles autora do livro a ser analisado. O artigo será estruturado da
seguinte forma: contextualização da obra, fundamentação teórica, análise e
considerações finais.
CECÍLIA MEIRELES E SUA OBRA
Cecília Benevides
de Carvalho Meireles poeta
brasileira, professora e jornalista brasileira, nasceu
na cidade do Rio de Janeiro, em sete de Novembro de 1901. Teve uma infância
solitária, pois perdeu os pais muito cedo. Educada pela avó materna, cursou a
escola normal e muito cedo se tornou professora. Em 1922, casou-se com o
artista plástico português Fernando Correia Dias, com quem teve três filhas,
sempre conciliando vida profissional e familiar, ficou viúva em 1935 e voltou a
casar-se em 1940, com o professor Heitor Grillo. Fundou em 1934 a primeira
biblioteca infantil do país e de 1936 a1938, lecionou literatura brasileira, Universidade
do Distrito Federal.
Literariamente, estreou em
1919, com o pequeno volume de poemas Espectros,
de inspiração parnasiana, tal obra seria seguida por duas coletâneas de
tendência simbolista, Nunca Mais e Poemas dos Poemas(1922) e Baladas para el-rei (1925). Seu primeiro
livro importante só apareceria em 1938: Viagem,
premiado em concurso da ABL, com o qual se firma como poetisa “moderna”, sem,
todavia filiar-se às correntes literárias em vigor desde 1922. Os volumes que
lhe sucederam confirmariam a importância de sua contribuição à poesia de língua
portuguesa. Em 1964, aparece “Ou isto ou aquilo”, que sobre o qual afiram
coelho:
Primeiro livro de poemas infantis
publicado pela autora, este fez parte da coleção Giroflê- Girafa, criada pelaa
meteórica Editora Giroflê em são Paulo. Ilustrado pela arte de Maria Banoni, Ou
isto ou aquilo resultou numa pequena obra-prima de poesia, sensibilidade
estética, ludismo figurativo e profundo humanismo (1997,p.215).
Cecília Meireles é
considerada pela crítica como a mais alta expressão da poesia feminina
brasileira e situa-se inegavelmente entre os mais altos valores da literatura
de língua portuguesa do século XX, como acentua Coelho:
Como grande poetisa que era, Cecília
Meireles conseguiu o que raros conseguem: manter a pureza do olhar-criança e a
capacidade sempre renovada de se
encantar com as coisas simples do mundo. Daí a graça e o fascínio imediato de
seus poemas infantis, que atraem igualmente a gente miúda e aos adultos (1997, p.32).
E Magalhães:
A poesia infantil brasileira vive á
sombra de um grande nome, Cecília Meireles, cuja produção, vencendo todas as
ciladas do gênero, marcou de tal forma a nossa poesia para crianças que
vestígios de sua obra podem ser encontrados em composições de outros autores
(1987, p.32).
Afirmações como essas,
mostram a dimensão da produção poética de Cecilia Meireles levando em
consideração o que:
Profundamente sensível aos mil e um
acontecimentos da vida e aos valores da linguagem poética que tocam a criança,
Cecília Meireles explora-os com mão de mestre. Todos os mini poemas que
integram o volume Ou isto ou aquilo são preciosas invenções de poesia e alegria
de viver (1997, p. 217).
OU ISTO OU AQUILO: POEMAS QUE CANTAM,
ENCANTAM E EMANCIPAM.
No livro Era uma vez... na escola (coordenação de Vera Teixeira de Aguiar) é proposta uma
classificação das narrativas envolvendo quatro critérios: a estrutura
apresentada, a temática desenvolvida, os tipos de personagens e o efeito produzido no leitor. Contudo
levar-se-á em consideração o fato que a obras infantis perpassa por todos esses
critérios além da noção de que as estas se incluem numa categorização bem mais
ampla: ou são pedagógicas ou são emancipatórias, além de implicá-las em poesias
(ao em vez de prosa).
São pedagógicas as obras
infantis cujo objetivo maior é ensinar algo ou mobilizar a criança para um
determinado comportamento, já as emancipatórias alimentam a criatividade, a
curiosidade e a fantasia do leitor, propondo-lhe diferentes perspectivas sobre
a realidade e o mundo que o circunda.
A poesia é algo que cativa as
pessoas em todas as idades, em especial na infância e por em geral ser um texto
curto, torna-se de fácil acesso. O contato da criança com a poesia infantil
pode determinar a formação de um leitor eficaz no futuro, por isso é importante
que essa poesia seja trabalhada de forma a despertar nas crianças o gosto pela leitura, relacionando o
ato lúdico com a iniciação literária, pois ao mesmo tempo que a criança.
A poesia infantil brasileira
surge no final do XIX e no início do século XX, ganha mais espaço. Contudo,
atualmente percebe-se que não só a poesia mas a literatura infantil brasileira como um todo, ainda passa
por um processo de conquista, de valorização pois ainda muitas crianças não
gostam de lerem ou não têm a oportunidade de estarem em contato com os livros.
A relação com a poesia é algo é algo subjetivo e pessoal, que não deve ser
imposto à criança, sendo que só será gratificante se o interesse partir da
criança, claro que para isso acontecer é preciso que haja o incentivo, ou seja
a mediação feita pelo adulto, proporcionando entusiasmo e alegria através do
contato com o lúdico.
No passado, porém, os
objetivos eram outros, a poesia estava comprometida com a tarefa educativa da
escola, visando formar indivíduos de bons sentimentos e o cidadão do futuro,
papel que hoje é inaceitável pela riqueza de qualidade da poesia infantil
brasileira, que podem ser vista em obras de José Paulo Paes, Marina Colassanti
só citar exemplos e da Própria Cecília Meireles.
Nelly Novaes Coelho faz uma
importante colocação sobre o que deve ser a essência da poesia:
Poema exige muito mais do que rimas e
ritmos. O poema deve nascer de um olhar inaugural. Deve descobrir nas coisas já
vistas, ou sabidas um aspecto ou tonalidade novos (1997, p.228).
Diga-se assim que a poesia é
brincadeira em que se ensina. E tem jeito mais gostoso de aprender do que
brincando?... A poesia deve apresentar o conhecido, o comum, imprimindo-lhe um
aspecto novo, despertando no leitor a capacidade de pensar, ouvir, falar e
escrever.
A poesia não é tratada ainda
nas escolas com seu devido merecimento, pois, muitos educadores acham que ler
poesia para seus alunos é desperdício de tempo. Isto acontece talvez porque
muitos docentes desconheçam o verdadeiro papel da poesia, visto que o texto
poético não foi feito com o objetivo de fonética, morfologia ou sintaxe, mas
para aguçar os sentimentos mais íntimos dos educandos, sua sensibilidade como
se humano e quando isso acontece, a essência da poesia está sendo posta em
prática. O poema não pode ser visto como um texto qualquer , tem-se que se
levar em conta a musicalidade, as
metáforas e tantas outras figuras de linguagens, bem como seu poder de aflorar
as emoções de quem o lê. As palavras que formam o texto poético são iguais às
todas as que formam os outros textos quanto ao aspecto gráfico, mas, há uma
magia nelas que só os amantes da poesia a pode compreender sendo que a poesia
possibilita ao leitor criar e inovar recriando-a.
O texto poético termina não
tendo muito destaque nas aulas de Língua Portuguesa, por ser considerada por
muitos como sendo inferior por não (supostamente) fazer parte das áreas
“sérias” do conhecimento, tais como gramática, Matemática, Física, Química,
Biologia entre outras. Sendo assim, seu valor humanitário, que é muito
proveitoso para o sujeito sentir-se mais “gente”, é esquecido. Além do mais, a
poesia é uma forma de lazer muito agradável e afável à alma humana, assim como
todas as artes.
As pessoas estão muito
preocupadas em ganhar dinheiro e acham erroneamente que a poesia não dá lucros.
Pode ser que a lucratividade não seja diretamente relacionada ao dinheiro, mas
na contribuição para um ser melhor, sensível, aberto ao diálogo e mais
compreensível. A poesia contribui e muito para o crescimento humano dos homens
e mulheres , pois neste contexto a poesia é um lago de água fresca, uma música
suave aos ouvidos, um perfume suave ao
olfato é como fruta madura que sacia o paladar, sendo que o texto literário
possui um caráter libertador no que tange as amarras interiores que cada ser
humano possui, além de liberar a fantasia, enriquecendo o leitor por inteiro,
aguçando todos os sentidos, mas para que isso aconteça, tem que se haver uma receptividade por parte do leitor, é
preciso gostar de poesia, amá-la, visto que esta mexe com os afetos, as emoções
e com a alma.
Não se pode ensinar poesia
sem antes haver uma sensibilização: é assim em todos os ramos do conhecimento,
essa aproximação é que, provavelmente, despertará no sujeito o gosto pelo texto
poético, através da descoberta de cada um. A poesia é feita para todos, pois há
milhares delas e, cada uma tratando de um assunto, se não houver identificação
com este ou aquele poeta ou poetisa, haverá com certeza, muitas outra opções.
O fato de ser poesia
infantil não significa dizer que só as crianças as leiam, muitos adultos podem
se identificar com esse tipo de poesia, como afirma Henriqueta Lisboa apud
Aguiar(1982): “ fala-se em poesia infantil. Porém não há uma poesia com
destinatário”. Como pode se notado, tudo depende de como e por quem esse poema
é lido. O mundo da poesia é mágico onde tudo pode acontecer, justamente pela
pluralidade de significados que uma poesia pode oferecer. Como por exemplo, o
poema O menino Azul, que segue:
O Menino Azul
O menino quer um burrinho
para passear.
Um burrinho manso,
que não corra nem pule,
mas que saiba conversar.
O menino quer um burrinho
que saiba dizer
o nome dos rios,
das montanhas, das flores,
- de tudo o que aparecer.
O menino quer um burrinho
que saiba inventar histórias bonitas
com pessoas e bichos
e com barquinhos no mar.
E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.
(Quem souber de um burrinho desses,
pode escrever
para a Ruas das Casas,
Número das Portas,
ao Menino Azul que não sabe ler.)
Percebe-se nesses versos
muitos significados e consequentemente vários ângulos de interpretação,
dependendo de quem o lê, seja criança ou adulto, pois o que vai garantir essa
multiplicidade de interpretação são os aspectos socioculturais de cada leitor.
Que criança não viaja nesse poema, mesmo sabendo que burro falante não existe
e, portanto não pode inventar histórias, mas isso é que é interessante para a
criança uma vez que possibilita viajar na emoção e poder imaginar coisas
impossíveis no mundo real através da poesia, sendo que é necessário sair um
pouco da realidade e entrar no mundo dos sonhos para se sentir relaxado e feliz
e este é um dos vários papéis da poesia.
Ser poeta é ser fabricante
de sonhos, amenizador da dura realidade, construtor de esperanças, é ser como
um perfumista que mistura essências para agradar o olfato; no caso do poeta, as
essências são as palavras, muito bem trabalhadas para massagear nosso espírito.
A poesia é como as flores, sensível, delicada, bela e enfeita a vida deixando
tudo mais leve e bonito.
O livro Ou isto ou aquilo, é composto por 57 poemas, nos quais são
frequentes as temáticas da infância: brincadeiras, sonhos e fantasias,
elementos da natureza também estão presentes nos poemas, como: jardim, rio,
lua, chão, água, mata, chuva e monte. Essa junção de elementos da natureza com
a temática infantil constrói uma atmosfera de paz, cordialidade e harmonia,
criando uma sintonia que agrada crianças e adultos. Os poemas de Ou isto ou aquilo suscitam nas mentes
leitoras lembranças da infância, momentos agradáveis como: jogos de bola, as
brincadeiras com bolhas de sabão, momentos com a avó, os banhos de chuva que
fazem que emoções sejam despertadas. Mas por que Cecília escolheu trabalhar
dessa forma com os poemas? Pelo desafio, por entender mostrar sua
autenticidade? A gramática? São esses os questionamentos a que se busca
esclarecer com presente trabalho
Um recurso muito utilizado
pela autora nesse livro, e claramente perceptível, é a repetição de sílabas,
cada poema é construído com base em uma ou mais sílabas que criam uma
musicalidade excepcional, em uma correspondência essencial entre matéria sonora
e matéria semântica da qual é exemplo de abertura do livro Colar de Carolina entre vários outros:
Colar
de Carolina
Com
seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.
O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.
E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral
nas colunas da colina.
No poema nota-se a forte
presença da consoante “ L” nas sílabas la, le , li, lo ,lu, al e ol, além de
construções envolvendo as consoantes C, R, L,N: Carolina, colar, coral, sendo
que as duas últimas palavras formadas pelas mesmas letras. O poema é composto
de 11 versos e 6 deles encontra—se a rima ina
entre as palavras Carolina e menina
que de colar coral brinca ao ar livre.
Jogo de
bola
A bela bola
rola:
a bela bola do Raul.
Bola amarela,
a da Arabela.
A do Raul,
azul.
Rola a amarela
e pula a azul.
A bola é mole,
é mole e rola.
A bola é bela,
é bela e pula.
É bela, rola e pula,
é mole, amarela,
azul.
A de Raul é de
Arabela,
e a de Arabela é de
Raul.
Ao primeiro olhar sobre esse
poema, parece que se tem a intenção de ensinar sílabas (ba, be, bi, bo ,bu) mas
quando vislumbrado mais a fundo, percebe-se um jogo, uma musicalidade entre as palavras( bela x bola, amarela x
Arabela, Raul x azul), criando um clima de pura poesia. Toda essa brincadeira
com as palavras mostra um jogo de bola entre uma criança do sexo masculino
(Raul) e uma criança do sexo feminino (Arabela), desconstruindo a ideia de que
jogo de bola é brincadeira de menino, mas que as meninas podem e devem brincar
de bola, quebrando assim um preconceito de gênero em que o jogo de bola muitas
vezes é taxado como brincadeira de meninos.
Bolhas
Olha a bolha d’água
no
galho!
Olha
o orvalho!
Olha
a bolha de vinho
na
rolha!
Olha
a bolha!
Olha a bolha na mão
Que
trabalha!
Olha
a bolha de sabão
na
ponta da palha:
brilha,
espelha
e
se espalha.
Olha
a bolha!
Olha
a bolha
que
molha
a
mão do menino:
A
bolha da chuva da calha!
Superficialmente,
pode-se supor que esse poema foi criado para fins pedagógicos, ou seja, ensinar
o dígrafo lh, porém analisando mais a
fundo, vê-se um poema altamente lúdico e cheio de curiosidades, assim como é o
mundo das crianças, que faz alusão ás descobertas e às brincadeiras de quando
as formas de brincar não eram tão virtuais como hoje. No primeiro verso
trata-se da magia da descoberta que uma criança faz sobre a bolha no galho (gota d’água) que é o orvalho e da
ludicidade no quarto verso, onde a criança nem precisa de um instrumento
apropriado par fazer bolhas de sabão, mas somente precisa de uma palha (elemento
da natureza) para realização das bolhas feitas de sabão, bolhas estas que
refletem a luz do sol e que depois voam para o alto, numa brincadeira simples e
pura. Este poema também retrata a infância, a simplicidade prazer de brincar,
indo além, quando se utiliza (terceiro verso) o termo bolha para simbolizar as
mãos calejadas de quem trabalha pesado e que talvez não tenha tido a
oportunidade de brincar.
O chão e o pão
O
chão.
O
grão.
O
grão no chão.
O
pão.
O
pão e a mão.
A
mão no pão.
O
pão na mão.
O
pão no chão?
Não.
Num primeiro olhar parece
que o poema foi criado pra trabalhar o ditongo ao, observando nas entrelinhas, esta poesia, vai muito, além disso,
na primeira estrofe celebra-se a germinação de uma semente pela terra, como o
grão de trigo é semeado pelas mãos do homem, indo se transformar numa nova
planta, gerando vários outros grãos, na segunda estrofe há uma sugestão da
transformação do grão em farinha e que depois pelas mãos do padeiro esta se
transforma em pão, para depois ser consumido, além de fazer referência ao
hábito de higiene que se deve ter em relação à comida (terceira estrofe). Este
poema faz um reflexão sobre o processo de como o alimento chega a nossa mesa,
passando pelo produtor até o consumidor final de uma maneira lúdica e
inteligente.
A chácara do Chico
Bolacha
Na
chácara do Chico Bolacha,
o que se procura
nunca se acha!
o que se procura
nunca se acha!
Quando chove muito,
o Chico brinca de barco,
porque a chácara vira charco.
o Chico brinca de barco,
porque a chácara vira charco.
Quando
não chove nada,
Chico trabalha com a enxada
e logo se machuca
e fica de mão inchada.
Chico trabalha com a enxada
e logo se machuca
e fica de mão inchada.
Por
isso, com o Chico Bolacha
o que se procura
nunca se acha!
o que se procura
nunca se acha!
Dizem
que a chácara do Chico
só tem mesmo chuchu
e um cachorro coxo
que se chama Caxambu.
só tem mesmo chuchu
e um cachorro coxo
que se chama Caxambu.
Outras
coisas ninguém procura,
porque não acha,
coitado do Chico Bolacha!
porque não acha,
coitado do Chico Bolacha!
Assim como os outros poemas,
este parece ter sido feito para ensinar o dígrafo lh, no entanto analisando mais atentamente a poesia percebe-se que há
uma brincadeira com o som /x/, para falar sobre a vida de uma pessoa que mora em uma chácara que não produz nada,
por causa da terra, levando a crê que seu dono não possui recursos financeiros
para fazer com esta terra produza, vivendo assim na precariedade, como muitos
outros brasileiros que vivem no campo, mas apesar disso Chico acha alegria para
brincar de barco quando chove muito, tudo em uma brincadeira com som /x/ , fazendo
com que a criança descubra a língua por meio do lírico lúdico e do semântico,
com afirma Magalhães:
Composições com A chácara do Chico
Bolacha se prestam para a iniciação da criança ao mundo literário; seja ela
lida e ouvida, oferece a oportunidade de brincar com a língua e descobrir suas
possibilidades. (1987, p.34).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os poemas analisados, falam
de maneira simples da vida cotidiana, da mágica que é aa infância sempre
jogando com as palavras de maneira tão perfeita, uma musicalidade
inquestionável, falando da vida real de uma maneira tão leve que nem se percebe
que é da realidade que se está falando, tudo de maneira popular, lírica,
lúdica, pessoal e harmoniosa além de uma grande perfeição formal.
Sendo assim pode-se afirmar
que os poemas de Ou isto ou aquilo possuem
caráter emancipatório, visto que através de uma musicalidade e um excelente
jogo de palavras e sílabas, falam de brincadeiras de infância, contrapondo com dificuldades
do dia a dia de forma sutil, se adequando ao público infantil imprimido uma
marca única vencendo o desafio de recriar sentimentos, sensações, a natureza e a
maneira de pensar das pessoas através de um belo trabalho com a linguagem.
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Vera Teixeira de. (coord.). Era uma vez... na escola – Formando educadores para formar leitores.
Editora Formato.
AGUIAR, Vera Teixeira de; ZILBERMAN, Regina (org). Leitura em crise na escola: as alternativas
do professor. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982.
CADORE, Luís Agostinho. Curso prático de português: Literatura/ gramática/ redação. 2 ed.
Editora Ática: São Paulo, 1999.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: Teoria- Análise- Didática. 6 ed. Série
Fundamentos. São Paulo: editora Ática, 1997.
MEIRELES, Cecília. Ou
isto ou aquilo. 7ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.
ZILBERMAN, Regina; MAGALHÃES, Lígia Cademartori. Literatura infantil: Autoritarismo e
Emancipação. 3 ed. São Paulo: Editora Áica, 1987.
Nenhum comentário:
Postar um comentário