quarta-feira, 30 de abril de 2014

APÓLOGO



APÓLOGO
                                           
   Francisca Lucilene Santos Silva


A Colher, o Garfo e a Faca

Estava o Garfo, a Faca e a Colher
Sobre uma mesa arrumada
Para um jantar muito importante,
Sendo que estes faziam parte,
De um faqueiro muito interessante,
Quando o silêncio foi quebrado
Pelo garfo muito falante:

 – Veja só dona Faca
Como somos importantes,
Estamos sempre nos melhores lugares
E somos usados
Por pessoas que entendem de etiqueta
Você não acha isso muito chique,
Ou será que é careta?

 – Careta nada! – respondeu a Faca –
Nós somos usados
Para as pessoas comerem
De forma civilizada,
Já nossa amiga Colher,
Na maioria das vezes,
É usada por pessoas
Que de etiqueta
Não entendem nada,
Eu nem sei por quê
Ela está aqui
Parece que nem foi convidada!

– Deve ser porque a entrada
É algum tipo de sopa,
Afinal de contas,
Só se toma sopa com colher!
Sem falar que sopa,
É um alimento ralé
E para terminar,
Sopa não é aquele alimento sem sal
Que se serve no hospital?!

– É sim! – respondeu a Faca. –
E na casa dos pobres também,
Pois nem sempre possuem
Ingredientes suficientes
Para prepararem
O que lhes convém

 – Bem lembrado! – falou orgulhoso o Garfo. –
Nós somos utilizados
Para se comer churrasco,
Bolo e filé.
Isso é muito bom, não é?
Respondeu a Faca_ é!  

Durante toda essa prosa
A colher permaneceu calada,
Mas nem um pouco conformada
E resolveu se defender
Achando a ideia dos dois
Muito errada,
Falou sem medo de se comprometer:

 – Vocês estão enganados
A meu respeito
Eu tenho muita importância sim,
E não só sirvo para se tomar sopa,
Toma-se por meio de mim
O sorvete, o remédio e sou eu
Que mexo a comida,
Além de bem servi-la,
Eu entro na casa
Do pobre e do rico
Alimentam-se por meio de mim,
A criança, o jovem, o idoso,
O homem e a mulher
E quem neste mundo
Nunca comeu com colher?

– Pensando bem,
Acho que isso é verdade –
Retrucou mais calmo o Garfo –
Você nos provou na sua humildade e
Que o preconceito
É burrice e covardia
E a partir de hoje
Sugiro que vivamos todos
Na mais plena harmonia.



Nenhum comentário:

Postar um comentário