quarta-feira, 30 de abril de 2014

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE POEMAS “VOZES-MULHERES” DE CONCEIÇÃO EVARISTO E “CERIMÔNIA DE PASSAGEM” DE PAULA TAVARES.








UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO- UEMA
CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS- CESC
DEPARTAMENTO DE LETRAS.
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO.
DISCIPLINA: LITERATURA COMPARADA
MINISTRANTE: PROFª Me. RITA DE CÁSSIA BARROS ASSUNÇÃO









ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE POEMAS “VOZES-MULHERES” DE CONCEIÇÃO EVARISTO E “CERIMÔNIA DE PASSAGEM” DE PAULA TAVARES.
Francisca Lucilene Santos da Silva













CAXIAS-MA
2013

  • INTRODUÇÃO

Literatura Comparada é o ramo da Teoria Literária que estuda, através de comparação, a literatura de dois ou mais grupos linguísticos, culturais ou nacionais, diferentes; incidindo o seu foco especificamente não tanto na comparação da literatura em si, mas com maior ênfase nas respectivas teorias da literatura. A Literatura Comparada é uma abordagem multidisciplinar que consiste nos estudos comparativos das literaturas de diferentes áreas linguísticas, bem como as diferentes mídias e tipos de arte. O comparatista pode se interessar pelas literaturas nacionais, assim como pela música, pela pintura e pelo cinema, por exemplo.
As origens daLieratura Comparada se confundem com as da literatura, por isso, muitas são as tentativas ao longo dos anos de defini-la assim como seu objeto de estudo. Dentre os que tentaram fazer isso estão Philaréte Chasles, Paul Van Tieghem,  Hennry H. H. Remak, Wellek,  Durisin, Adriano Marino entre outros. O ponto de partida na tentativa de compreender o objeto de estudo da literatura comparada, foi a obra de Paul Van Tieghem intitulada La littérature comparée, publicada em 1931, onde o conceito de literatura comparada, se explicita como disciplina que se situa entre a história literária de ama nação e a historia geral, portanto e uma disciplina independente com seus próprios métodos.
 Hennry H. H. Remak, no seu artigo “Comparative Literature, Its Definicion and funcion”, definiu Literatura Comparada dessa forma:Literatura comparada é o estudo da literatura, além das fronteiras de país particular, e estudo das relações entre literatura, de um lado, e outras áreas de conhecimento, e da crença, tais como as artes ( ex: pintura, escultura, arquitetura, música), filosofia, história, ciências sociais, religião etc., Em suma, é a comparação de uma literatura com a outra ou outras, e a comparação da literatura com outras esferas da expressão humana( Remak,1971,p1  apud Nitrini)
A legitimidade e alcance humano da literatura comparada se fez na voz de Munteano, em “situation de la littératura comparée. As portée humamaine et  légitmité”, par ale são três s vias responsáveis pela comunicação entre os pólos individual ( emissor) e universal     ( receptor),  para este estudioso a dificuldade  para a literatura comparada não está em demonstrar sua legitimidade mas em  determinar seus limites, numa linha humanista dos estudos literários.
 Adrian Marino, em ”Comparattisme et théorie de la littérature”,  tem como  ideia principal  converter a literatura comparada em teoria, baseando-se em três aspectos: a renovação do conceito de literatura universal,  a dissociação  do comparatismo da ideia de comparação e visão global do conceito de literatura(histórica, morfológica e teórica).Marino não consegue resolver a crise da  literatura comparada e não consegue defini-la, deixando espaço para críticas posterior. No final do século XX se inaugurou uma nova fase da história literária, quando se observou uma preocupação com a identidade cultural nacional, inaugurando uma nova fase da literatura comparada, os países do chamado terceiro mundo começam a questionar o cãnon dos grandes escritores europeus, inaugurando a literatura pós-colonial, onde os fatores históricos, sociais e econômicos foram levados em consideração, isto é houve uma valorização da cultura nacional.
A teoria da intertextualidade apareceu dentro do contexto de renovação dos estudos de literatura comparada, esta teoria concebida por júlia Kristeva trata da presença de um texto dentro do outro , pois:
 “A intertextualidade se insere numa teoria totalizante do texto, englobando suas relações com o sujeito, o inconsciente e a ideologia, numa perspectiva semiótica”(...). “Todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de outro texto. Em lugar de noção de intersubjetividade, instala-se o da intertextualidade e a linguagem poética”. (Kristeva,1969).
Como se pode notar há uma situação de ambivalência implicando a inserção da história e da sociedade no texto e do texto na história, isto é uma relação estrita com o sujeito. Sendo assim a diferença entre influência e intertextualidade é que a primeira está relacionada com o individual e a segunda com o coletivo (social), não tendo “nada haver o intertexto com o velho conceito de influência”. Em suma o conceito de intertextualidade derruba o conceito de influência, por se apresentar como um sistema de trocas. Antes, a L iteratura Comparada fazia comparações e distinção implícita entre “literaturas maiores” e “literaturas menores”, sendo as primeiras as que, funcionariam como verdadeiro modelo para as segundas num contexto de cada nação se fechava dentro de si mesma.
Hoje o campo de atuação da Literatura Comprada é altamente diversificado: por exemplo, comparatistas frequentemente estudam literatura chinesa, árabe e de grandes línguas mundiais e de outras regiões, assim como o fazem com o Inglês e as literaturas européias. Há marcas em muitas partes do mundo de que a disciplina vem prosperando, especialmente na Ásia, na América Latina e no Mediterrâneo. As atuais tendências da Literatura Comparada também refletem a crescente importância dos estudos culturais nos campos da literatura, fazendo refletir sobre a tomada de consciência do caráter histórico, teórico e cultural do fenômeno literário.

  • IDENTIDADE NEGRA

Antes de falar da identidade negra propriamente dita vale resaltar o conceito de identidade definida pelo o Dicionário Houaiss, como o “Conjunto das caracteristicas próprias ou exclusivas de um indivíduo; consciência da própria personalidade; o que faz que uma coisa seja da mesma natureza que outra.”.
 Como se pode notar a identidade está sempre relacionada à ideia de alteridade, ou seja, é necessário existir o outro e seus caracteres para definir por comparação e diferença com os caracteres pelos quais me identifico, o que permite considerar as pessoas como agentes sociais capazes de operar e construir sua cultura, modificando-a e transformando a si mesmo de acordo com seus valores e com interesses políticos.
A identidade permite uma discussão na qual se priorizem as particularidades do contexto social e cultural, buscando evidenciar a maneira, de eles (os negros) se auto afirmarem , possibilitando refletir sobre os vários determinantes de natureza pessoal e de natureza coletiva que influenciam no processo de autoafirmação ou de negação da identidade negra, evidenciando os aspectos importantes para suas autoafirmações, como  o cabelo, o formato do nariz e a corda pele.
Ser negro não limita numa visão metafísica ou essencialista, ser negro é uma questão de identidade social e cultural de maneira dinâmica em relação à raça. A identidade negra se faz de acordo com as características históricas e sociais se tornando inteligível dentro do seu contexto cultural, num processo de autoafirmação de se reconhecer como negro e como ser instituído de personalidade, isto é ter corpo, alma, antepassado, nome sobrenome e bens próprios.
Historicamente o negro tem sido esquecido e desvalorizado e na Literatura não foi diferente só agora o negro vem se consolidando como temática em nossas Letras (Literaturas).   A maioria dos escritores não falava deles em suas obras e quando o mencionavam era de maneira pejorativa, desvinculado de seu valor intrínseco como pessoa. A voz do negro dentro da literatura é muito importante, pois só eles podem falar de si com um olhar de quem realmente sofreu na pele tantos anos de descaso e através desse instrumento denunciar suas angústias, lamentos, o que foram e o que são renovando suas esperanças no que tange ao respeito e a igualdade por meio de suas próprias metáforas.




  • AS AUTORAS

v  Conceição Evaristo

Maria da Conceição Evaristo de Brito nasceu em Belo Horizonte, MG numa favela da zona sul, em 1946 e desde 1973 reside no Rio de Janeiro. Teve que conciliar os estudos com o trabalho como empregada doméstica, até concluir o curso normal em 1971, aos 25 anos. Hoje é formada em Português e Literatura pela UFRJ, é mestre em Literatura Brasileira  pela PUC/RJ e doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense. Na década de 1980, entrou em contato com o grupo Quilombhoje. Estreou na literatura em 1990, com obras publicadas na série Cadernos Negros, publicada pela organização. Suas obras, em especial o romance Ponciá Vivêncio, de 2003, abordam temas como a discriminação racial, de gênero e de classe. Esta obra foi traduzida para o inglês e publicada nos estados unidos em 2007. Tendo sido exposta desde pequena às crueldades do racismo, Conceição tornou-se uma escritora negra de projeção internacional, além de uma militante que atua dentro e fora dos marcos da academia.

Obras:
Romance
  • Ponciá Vivêncio (20030);
  • Becos da Memória (20060);
Poesia
  • Poemas da Recordação e outros movimentos (2008);
Contos
  • Insubmissa lágrimas de mulher (Nandyala,2011);
Participação em antologias
  • Cadernos Negros (Quilombhoje, 1990);
  • Contos Afros (Quilombhoje);
  • Contos do Mar sem fim (editora Pallas);
  • Questão de Pele (Língua Geral);
  • Schwarze Prosa (Alemanha.1993);
  • Moving beyond boudaries: internacional dimension of black women’s writing 91995);
  • Women ringhting- Afro-brazilian women’s Short Fiction (Inglaterra,2005);
  • Finally Us: Contemporary black Brazilian women writers (1995);
  • Callooo, vols. 18 e 30 91995, 2008);
  • Fourteen female voices from Brazil (EUA, 2002), Estados Unidos;
  • Chimurenga People (África do Sul, 2007);
  • Brasia-Àfrica: como se omar fosse mentira ( Brasil/ Angola, 2006);
  • O negro em versos (2005).

v  Paula Tavares

 A poetisa Ana Paula Ribeiro Tavares, nasceu em Lubango, província da Huília, Angola, em 30 de outubro de 1952. Iniciou seu curso de história na Faculdade de Letras do Lubango (hoje ISCED- Instituto Superior de Ciências da Educação- Lubango) terminando-o em Lisboa. Em 1996 concluiu o Mestrado em literaturas Africanas. Atualmente vive em Portugal. Ana Paula Tavares é a única poetisa contemporânea do período pós-independência angolana. Sempre trabalhou na área da cultura, museologia, arqueologia e etnologia, patrimônio, animação cultural e ensino. Foi delegada da cultura no Kwanza Norte, técnica do Centro nacional de Documentação e Investigação (hoje Arquivo Histórico Nacional) do Instituto do patrimônio Cultural. Foi membro do júri do Prêmio Nacional de Literatura de Angola nos anos de 1988 a 1990 e responsável pelo Gabinete de Investigação do Centro Nacional de Documentação e investigação Histórica em Luanda, de 1983 a 1985. È também membro de diversas organizações Culturais como o Comitê Angolano do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), da Comissão Angolana para a UNESCO.

Obras
Poesias
·      Ritos de passagem (1985);
·      O Lago da Lua (1999);
·      Dizes-me Coisas amargas (2001);
·      Manual para Amantes Desesperados (2007);
Prosa
·      Sangue de Buganvília: crônica (1998);
·      A Cabeça de Salomé (2004);
Romance
·  Os O olhos do homem que chorava no rio, em coautoria com Manuel Jorge Marmelo (2005).















·  ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE POEMAS “VOZES-MULHERES” DE CONCEIÇÃO EVARISTO E “CERIMÔNIA DE PASSAGEM” DE PAULA TAVARES.



Vozes-mulheres                                  
Conceição Evaristo
A voz de minha bisavó ecoou
criança
nos porões do navio.
Ecoou lamentos
De uma infância perdida.
A voz de minha avó
ecoou obediência
aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe
ecoou baixinho revolta
No fundo das cozinhas alheias
debaixo das trouxas
roupagens sujas dos brancos
pelo caminho empoeirado
rumo à favela.
A minha voz ainda
ecoa versos perplexos
com rimas de sangue
e
fome.
A voz de minha filha
recorre todas as nossas vozes
recolhe em si
as vozes mudas caladas
engasgadas nas gargantas.
A voz de minha filha
recolhe em si
a fala e o ato.
O ontem - o hoje - o agora.
Na voz de minha filha
se fará ouvir a ressonância
o eco da vida-liberdade.
In Cadernos Negros, vol. 13, São Paulo, 1990.



Cerimônia de Passagem: Ana Paula Tavares

                                                           

                          “a zebra feriu-se na pedra
                                    a pedra produziu lume”
 
a rapariga provou o sangue
o sangue deu fruto
a mulher semeou o campo
o campo amadureceu o vinho               
o homem bebeu o vinho
o vinho cresceu o canto
o velho começou o círculo
o círculo fechou o princípio
                           “a zebra feriu-se na pedra
                             a pedra produziu lume”
                                                                     
Do livro: "Ritos de Passagem", Cadernos Lavra e Oficina, 1985.

Os dois poemas que serão analisados versam sobre mulheres negras, o primeiro num contexto histórico-social e o segundo fala sobre a sexualidade. Vozes-mulheres é o eco do passado transgressor em que viveu o povo negro, Cerimônia de passagem retrata os rituais de passagem no deste poema a passagem da adolescência para a fase adulta de uma mulher africana.
O título do poema vozes-mulheres evoca dois elementos: a voz e a mulher, esta voz qualificada que fala por toda uma categoria insatisfeita.
Os três primeiros versos da primeira estrofe sintetizam um passado sofrido, denunciado na voz de uma mulher negra, o sofrimento nos navios negreiros provocado pela diáspora dos povos africanos trazidos para o Brasil na condição de escravos, isso é contado de maneira introspectiva, isto é numa perspectiva de dentro “Minha bisavó”. O verbo “ecoou” denuncia a marca de um tempo passado de desrespeito, alongando o tempo de dor e que permanece vivo no pensamento das gerações futuras que certamente também tiveram suas infâncias perdidas, manchadas pelo preconceito aos afrodescendentes.
Na segunda estofe o sofrimento continua em geração em geração “Na voz de minha avó”, que vive só para obedecer sem direito de se expressar, vivendo nas senzalas ou como mucamas nas casas grandes, tratadas como objetos ou animais, como se não tivessem alma ou sentimentos.
Os versos da terceira estrofe apresenta uma mulher, que de certa forma teve o mesmo destino de sua mãe e de sua avó “A voz de minha mãe ecoou baixinho revolta”, “No fundo das cozinhas alheias”, “debaixo das trouxas”, “rumo à favela.”.  O que sobrou para os descendentes dos negros foi os piores trabalhos, foi lavar a sujeira dos brancos e depois ficaram sem espaço depois da abolição, fugindo para os morros , fixando-se por lá , explicando porque a maioria dos moradores de Comunidades são negros.
A quarta estrofe já é presente, a voz poética se apresenta inconformada com o sofrimento que até hoje os negros passam, vivendo em condições adversas como seus antepassados, mas isso não é motivo para que seu grito seja calado “A minha voz ainda” / “ecoa versos perplexos”, “com rimas de sangue” / “e”/ “fome”, sendo isso motivo de força para denunciar através dos versos essa vergonha social.
O futuro chegou,na quinta estrofe, com doze versos,  o eu lírico apresenta a filha narrando não só o presente, mas o que ainda está por vir, Nos primeiros versos A voz de minha filha/ recorre todas as nossas vozes/  recolhe em si/ as vozes mudas caladas/ engasgadas nas gargantas/ . A voz da filha guarda todas as vozes, numa tentativa de remediar um passado de dor e opressão. Nos versos  Na voz de minha filha / se fará ouvir a ressonância / o eco da vida-liberdade,  percebe-se uma esperança de um futuro promissor quando todos os homens e mulheres serão respeitados, sem distinção de raça como fala a canção inutilizada  A Cor do Homem  de Milton Nascimento e Fernando Brandt:


                 Mas como pode um homem
                    Escravizar outro homem?
                 O homem negro não é melhor
                Que o homem branco, nem pior
                      A pele branca não é pior
                   Que a vermelha, nem melhor.                                                     
               A pele negra, branca, vermelha, amarela.
                  É apenas a roupa que veste um homem
                             -animal! Nascido do amor
                        Criado para pensar, sonhar e fazer
                                         Outros homens com amor.

O poema adquire um tom profético ao usar no futuro o verbo se fará ouvir, ascendendo para um futuro bem melhor respaldado num passado de sangue e suor, vislumbrando um futuro digno com muita esperança.
O poema Cerimônia de passagem é a voz do corpo de uma mulher negra, na passagem da adolescência para a idade adulta. Na África, o sexo era tido como propósito para a procriação, não admitindo que a mulher fosse capaz de ter seus desejos sexuais considerados nesta sociedade falocêntrica. Este poema representa o grito de liberdade das mulheres no que diz respeito ao erotismo. O sexo sempre foi assunto tratado com tabu, aqui a mulher descobre o amor e o prazer, como na sociedade patriarcal a mulher sempre sofre preconceito, seja no trabalho, nas artes ou nas ciências com a sexualidade não é diferente e se essa mulher for negra então a coisa piora. Paula Tavares olhou de uma maneira feminista para este assunto, apesar de não ser negra soube falar muito bem sobre a temática erótica ressaltando que o desejo sexual do sujeito é intrínseco e ligado a sua identidade no caso a identidade negra. Cerimônia de passagem é um poema que valoriza o sensorial, representando a mulher dentro da tradição angolana, mediante uma nova visão erotizada da mulher, tradicionalmente silenciada na sua condição sexual, este poema enfoca a subjetividade, as frustações, as alegrias e dores femininas.
A primeira estrofe do poema “a zebra feriu-se na pedra /  a pedra produziu lume”, faz referência ao sangue da primeira menstruação “feriu-se”, representando que a mulher já está pronta para o sexo e para reproduzir “lume” metaforizando o fogo, o fulgor do sexo. No trecho “a rapariga provou o sangue/o sangue deu fruto”, sugere que essa menina além de menstruar, teve sua primeira relação sexual e gerou um filho juntamente com o homem que provou seu vinho (sexo), como se pode notar em ” a mulher semeou o campo /o campo amadureceu o vinho              o homem bebeu o vinho / o vinho cresceu o canto”. Na quinta e na sexta estrofes ocorre uma visão cíclica da vida, um retorno, as coisas se repetem, é um ciclo , pois há sempre uma certa repetição no campo dos sentimentos ,das ideias, dos acontecimentos em geral, numa repetição constante “o velho começou o círculo /o círculo fechou o princípio/  “a zebra feriu-se na pedra/
a pedra produziu lume”
, aqui a mulher revive tudo que ela já viveu, isso se confirma na retomada da primeira estrofe ao final do poema. No poema Cerimônia de passagem ocorre o resgate das tradições e dos valores africanos, denunciando o processo de funcionamento sexista presentes em muitas dessas tradições, silenciando as particularidades, angústias e sonhos das mulheres africanas.
Os poemas analisados demonstram as resistências encontradas pela mulher, sobretudo a mulher negra. Hoje sesse cenário vem mudando, são muitas as mulheres e mulheres negras que se destacam no Brasil e no mundo em todos os campos do conhecimento. Na literatura elas também ganharam seu papel de destaque, mas ainda existe uma porção de negras supertalentosas que produz uma excelente poesia meio escondidinha, editando-as em pequenas tiragens embaçadas por um mundo branco e preconceituoso.





 















REFERÊNCIAS

FERRREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, Miniaurélio Século XXI Escolar: o minidicionário da língua portuguesa; coordenação de edição, Margarida dos Anjos, Marina Baird Ferreira; lexicografia, Margarida dos Anjos...[et al.]. 4. Ed.rev. ampliada. - Rio de Janeiro; nova Fronteira, 2001.
Gênero e representação na literatura brasileira: ensaios/ Constância lima Duarte; Eduardo de Assis; Kátia da Costa Bezerra (org.). -Belo Horizonte: Pós-graduação em Letras Estudos Literários: UFMG, 2002.
O negro em veros: antologia da poesia negra brasileira: Luiz Carlos dos Santos: Maria Galas; Ulisses Tavares (org.). São Paulo: Moderna. 1ª ed.2005.
NITRINI, Sandra. Literatura Comparada. São Paulo: Edusp. 1997.
SALIBA, Marco. Minimanual de Pesquisa: interpretação de texto/ redação. Uberlândia- MG: Claranto. 2ª ed.2004
< http://www.cchla.ufrn.br/saberes>
<htt://.pt.wikipedia.org/wiki/Ana_Paul_Tavares>
<http://www.uel.br/pos/letras/terraroxa>
<http://blogueirasfeminista.com/2011/11/conceico-evaristo/>




  











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